Trotinetes Portugal

Guia de Compra

De uma trotinete

Há quem já saiba tudo ou quase tudo sobre trotinetes eléctricas. E há quem ainda não sabe tudo e fique confundido/a com tantos parâmetros técnicos, marcas e modelos. Este Guia é para quem, precisamente, ainda não sabe tudo e quer passar a saber mais um bocadinho.

Nota #1: Para assegurar um adequado grau de independência e de distanciamento, este Guia de Compra não fará referência a qualquer marca de trotinetes.

Nota #2: Queremos também deixar claro que não temos qualquer relacionamento comercial (ou qualquer outra forma de benefício) com as marcas de equipamentos a que aqui e ali fazemos referência. E se as indicamos é por entendermos poderem ser úteis a quem possa estar menos dentro da temática.

Nota #3: Os valores apresentados possuem algum grau de imprecisão, variando de marca para marca e de modelo para modelo, conforme a qualidade dos componentes utilizados, assim como de outros factores, e devem ser vistos como meros indicadores.

Assista ao video, se preferir

Um Guia útil para quem pretende comprar uma trotinete eléctrica pela primeira vez na vida. Uma conversa com a minha Dualtron ao longo de 52 km, entre Cascais, Guincho, Linha do Estoril e Lisboa.

Orçamento

A primeira coisa que é necessário determinar é o orçamento. Quanto dispõe ou quanto quer dispôr para a compra da sua futura trotinete?

Os preços variam substancialmente, a oferta é grande e todos temos noção que o orçamento é quase sempre apertado. Nas trotinetes, como nas aparelhagens de som ou nos automóveis, o preço é sempre a subir. Há sempre um modelo mais caro que outro. Todos sabemos que, regra geral, quanto mais caro melhor é o amplificador e melhor é o bólide. Como em tantas outras coisas, há uma altura em que o preço continua a evoluir, mas a diferença de qualidade passa a ser intangível.

Solução: Se o orçamento é demasiado apertado, diz o bom-senso que mais um ou dois meses de poupança extra poderão ser suficientes para garantir a compra de uma trotinete de características mais satisfatórias. Uma que não traga arrependimento e frustração posteriores. Vemos muito disso por aí.

Peso do condutor

O segundo aspecto a considerar é o peso do condutor. Sabemos que pesar 55 Kg não é a mesma coisa do que pesar 100 Kg. Não é indiferente em termos da sua saúde, nem é indiferente em termos da trotinete que pretende adquirir.

O peso do condutor influencia directamente a performance da trotinete, quer em termos de velocidade de ponta, quer em termos de autonomia. Um condutor avantajado necessita de mais potência do que um condutor peso-pluma. Um condutor avantajado consome mais bateria do que um peso-pluma, e isso determina a autonomia da bateria.

Solução 55 Kg: 1,000 Watts de potência darão para subir pendentes médias. 20 Ah de bateria darão uma autonomia de 30 Km.

Solução 100 Kg: 2,000 Watts de potência darão para subir pendentes médias. 30 Ah de bateria darão uma autonomia de 50 Km.

Utilização

O terceiro aspecto, igualmente fundamental, é saber a utilização que se vai dar à sua futura trotinete. São percursos curtos, são percursos longos? Quanto mais longo for o percurso maior é a necessidade autonómica da bateria.

E as subidas? É aqui que o peso do condutor, a potência dos motores da trotinete e a pendente de inclinação da subida determinam o óbvio: se sobe bem, se sobe mas devagarinho, ou se sobe empurrada pelas mãos do condutor…

Percursos curtos: Menor potência e menor autonomia serão suficientes. Porém, com o tempo tenderá a aborrecer-se com a falta de potência, que não lhe permitirá conduzir mais depressa, e a frustrar-se com a pouca autonomia que tem para os passeios, que com o passar do tempo tendem a ser mais longos.

Percursos longos: Maior potência e maior autonomia serão exigíveis. Não só lhe permitirá viagens mais rápidas, como também poderá garantir o retorno do passeio sem ficar apeado por falta de bateria.

Subidas acentuadas: Escolha uma trotinete com pelo menos 2,000 Watts. Se as pendentes forem superiores a 20% escolha uma com pelo menos 3,200 Watts.

Os 3 tipos de marcas de trotinetes

Sem querer ser demasiado rigoroso nesta análise, mas também sem querer ser demasiado simplista, talvez possamos dividir as marcas de trotinetes em 3 tipos distintos. A saber:

Desenhadores/Constructores: São as marcas que desenham elas próprias, e constroem elas próprias (ou encomendam a construção a terceiros), os modelos de trotinetes que comercializam. A grande vantagem deste processo é a enorme qualidade do produto final, com componentes mais sofisticados e devidamente compatibilizados entre si. A inovação e o design (que nalgumas marcas é muito distintivo), a par com a optimização da potência dos motores versus a capacidade da bateria, fazem toda a diferença. A desvantagem é, evidentemente, o seu preço mais elevado.

Assembladores: Este será o tipo mais comum de marcas. Basicamente, utilizam os chassis de um grande fabricante especializado, e com eles montam trotinetes segundo as suas especificações internas próprias. Daí encontrarmos modelos muito idênticos, quase iguais, em marcas diferentes. As trotinetes podem não ser tão originais, nem os seus componentes estarem tão optimizados, mas são certamente mais económicas e não necessariamente menos potentes.

Por logótipo: Hoje por hoje, qualquer um de nós pode aspirar a ter uma marca de trotinetes, mesmo sem desenhar, sem construir e sem assemblar. Os fabricantes chineses têm uma enorme capacidade de produção, e dispõem de variadíssimos modelos de trotinetes prontos a serem despachados e comercializados por grosso. O logótipo da marca é então impresso na trotinete, na caixa, no manual de instruções, etc.

Trotinetes de gama baixa

Até 500 Watts

Hoje em dia, à medida que os preços das trotinetes da gama média vão paulatinamente baixando, vai deixando de fazer sentido investir numa trotinete que tem pouco para oferecer ao seu condutor. Numa frase: não sobem, não vão longe e não se despacham. E portanto, não há paciência.

A longa experiência que temos, diz-nos que mais depressa do que inicialmente se possa admitir, quantas vezes logo nos primeiros dias, os condutores de trotinetes de gama baixa ficam frustrados e desiludidos pela fraca potência (<500 Watts) e baixa velocidade (≤25 Km/h). Afinal não deixam de ser similares às trotinetes de aluguer que vemos amiúde nas ruas das nossas cidades. Fraquitas.

Pelos motores inadequadamente localizados à frente conferindo pouca estabilidade à trotinete e aumentando o risco de queda. Pela incapacidade de subir as pendentes mais medianas, coisa que se agrava com condutores de maior peso e à medida que a bateria vai ficando mais em baixo. Pela ausência de suspensões que absorvam as irregularidades do piso e as dores daí derivadas. Pela ausência de um sistema de travagem que garanta segurança ao condutor, pois habitualmente só possuem travão de trás, o que seria insuficiente até numa bicicleta de criança, que vulgarmente dispõe de dois travões. Pela bateria de capacidade exígua (para fazer baixar o preço ao consumidor), tipicamente só de 7 ou 10 Ah ou assim, apenas permitindo 20 Km reais de autonomia.

Subidas: Ora esqueça lá isso. As trotinetes de gama baixa não foram desenhadas para subir, a não ser que o condutor as empurre…

Trotinetes de gama média

Entre 500 e 2,400 Watts

A partir daqui abandonamos o sub-mundo das trotinetes equipadas com bluetooth, características das trotinetes de gama baixa, dos 250, 300 e 350 Watts. Mais não é do que uma manobra de marketing que alguns fabricantes utilizam para tentar disfarçar a falta de qualidade das trotinetes, recorrendo a um expediente tecnológico barato e universal que enche o olho a alguns condutores menos bem informados. A partir daqui, da gama média em diante, não há bluetooth, nem o bluetooth é necessário para coisa nenhuma.

A gama média é uma solução de compromisso, que costuma agradar à maioria das bolsas e dos condutores, particularmente as trotinetes acima dos 1,000 Watts. É aqui, precisamente a partir dos 1,000 Watts, que começam as trotinetes à séria.

As trotinetes até aos 1,200 Watts vêm habitualmente equipadas com um único motor, traseiro, que é o motor sempre mais importante. A partir desta potência virtualmente todas as trotinetes vêm equipadas com dois motores, um à frente e outro atrás. Sendo que, também habitualmente, as trotinetes permitem usar apenas o motor traseiro, através de um botão no guiador que liga ou desliga o motor dianteiro, poupando efectivamente bateria, mas sacrificando a potência e sobrecarregando o outro motor.

Nos tempos que correm, a diferença de preço entre as trotinetes da zona dos 500 ou 600 Watts e as de 1,000 Watts é pequena, fazendo das últimas uma decisão mais atractiva. Como também é pequena as diferença de preço entre as de 1,000 e as de 2,000 ou 2,400 Watts.

Se as suas atenções estão voltadas para a gama média, e caso o seu orçamento o permitir, escolha sem hesitação uma trotinete com 2,000 ou 2,400 Watts de potência. Para além de terem uma velocidade máxima acima dos 50 Km/h, cortesia de dois motores, vêm equipadas com baterias entre os 21 e os 30 Ah, para um autonomia que pode atingir os 70 Km.

Subidas: Uma trotinete de 2,400 Watts já sobe praticamente tudo e com boa velocidade, independentemente da pendente e do peso do condutor.

Trotinetes de gama alta

Acima dos 2,400 Watts

A partir daqui o céu é o limite. As trotinetes de gama alta já não são brinquedos. 5,600, 8,000 ou 10,000 watts de potência colocam qualquer condutor em sentido. Algumas delas atingem, ou ultrapassam mesmo, os 100 Km/h. Podem vir equipadas com baterias de 100 Ah, para uma autonomia superior a 200 Km. Estamos quase no domínio das motorizadas.

O preço, claro, é a condizer. Mas se o seu orçamento o permitir, vai ver que a experiência com uma destas trotinetes é tremenda. É nesta gama superior que encontramos as trotinetes com melhor performance, melhor qualidade de construção e com melhores componentes.

Subidas: Com uma trotinete de 10,000 Watts até vai conseguir subir a estátua do Cristo Rei pelo lado exterior e sem tocar nas paredes, dispensando o elevador. Mas será melhor não tentar… E eles também não deixam.

sobre a Voltagem

Resumindo, quanto maior for a voltagem (associada à amperagem da bateria) maior é a potência que pode ser transmitida aos motores da trotinete. As trotinetes de gama alta tendem a funcionar com voltagens mais elevadas (72 Volts), para garantirem o elevado desempenho a que se propõem.

Ou seja: Lembre-se do que aprendeu nas aulas de Física: Watts = Amperes x Volts, cortesia de um trio de cientistas ilustres: James Watt (1736–1819), André-Marie Ampère (1775–1836) e Alessandro Volta (1745–1827).

 

Os pneus

Existem muitos tipos de pneus. E há tanto para dizer.

Estrada ou todo-o-terreno? Desde logo podem ser pneus de estrada ou pneus de todo-o-terreno (off-road). Claro que um pneu de estrada tem melhor desempenho em alcatrão, mas pior desempenho na terra ou areia, sendo o inverso verdade para os pneus de todo-o-terreno. Numa trotinete, é quase sempre possível mudar pneus de estrada para off-road e vice-versa.

Câmara de ar ou tubeless? Podem ser pneus com câmara de ar (mais fáceis de trocar) ou sem câmara de ar (os chamados tubeless, que são mais difíceis de trocar por serem mais rígidos e menos moldáveis). Os pneus tubeless têm melhor desempenho.

Tamanho: Podem ter diferentes larguras e diâmetros. Os mais comuns são pneus de 8″, 10″, 11″ e 13″ de diâmetro. Quanto maior o pneu maior será a estabilidade e o conforto da trotinete.

Nylon ou borracha? Tipicamente todas as trotinetes eléctricas vêm equipadas com pneus de Nylon. Este tipo de material, um polímero sintético, confere enorme resistência e durabilidade ao pneu, são de baixo custo, mas têm menor tracção ao piso. Isto torna-se particularmente evidente nas curvas.

Em muitos casos é possível substituir os pneus de Nylon por pneus compostos de borracha, nomeadamente da famosa marca italiana PMT, especializada em pneus de competição, com uma considerável gama de pneus para trotinetes eléctricas.

Jantes: Muitas trotinetes possuem jantes que se separam ao meio (separando-se também elas próprias do motor). Estas jantes usam pneus com câmara de ar. É muito mais fácil substituir pneus nestas jantes, do que nas jantes integrais. Nestas, é habitual vermos pneus tubeless. Este tipo de pneus, que dispensam câmara de ar como nos automóveis, requer uma técnica apurada e um esforço físico assinalável. Basicamente, o pneu não entra a não ser à força. Com muita força, sobretudo se forem de Nylon. Idealmente o procedimento deveria ser feito com recurso a maquinaria pesada, tal como nos automóveis, mas é muito raro encontrar essa maquinaria dimensionada para jantes tão pequenas. Por isso, as mais das vezes a troca é realizada com o esforço simultâneo de duas ou três pessoas fisicamente em forma. Desconfie daqueles vídeos no YouTube em que os pneus se trocam num abrir e fechar de olhos. Na vida real as coisas passam-se de maneira muito diferente.

Substituição de pneus: A troca de pneus será sempre um problema omnipresente, pelo desgaste ou pelo furo. A generalidade dos condutores de trotinetes não sabe fazê-lo e pode tornar-se uma dôr de cabeça encontrar quem os troque.

Lojas de pneus: As lojas que trocam pneus de automóvel ou de motorizada normalmente não gostam de fazer este tipo de serviço, por entrarem num terreno que lhes é desconfortável (sobretudo devido ao desconhecido e à presença de um motor eléctrico na jante, que requer cuidados adicionais a que não estão habituados). Mas possuem, de facto, os meios para o fazer e o know-how que advém de saberem trocar pneus muito maiores do que aqueles que encontramos nas trotinetes. As lojas de bicicletas normalmente não possuem nem os meios, nem o know-how para trocar pneus tão difíceis, sobretudo se forem tubeless.

Solução: O ideal seria dirigir-se a uma loja de trotinetes, mas estas são ainda raras em Portugal. Em alternativa, ponha-se em contacto com alguém na mesma zona de residência, que poderá encontrar algures num grupo do Facebook dedicado às trotinetes eléctricas, e que saiba fazer a troca. Não será difícil, e o espírito prestável do «trotineteiro» facilita a abordagem.

os travões

Virtualmente todas as trotinetes vêm equipadas com travões de disco. São actualmente a forma mais eficaz de travagem.

Marcas: Habitualmente as trotinetes eléctricas de gama média e alta vêm equipadas com travões das marcas Nutt, Zoom ou Dyisland. Nutt e Zoom rivalizam-se na qualidade, tendo a Nutt adquirido maior número de entusiastas. A Dyisland é maioritariamente encontrada nas trotinetes mais económicas.

Para os mais exigentes (e mais abastados, convém dizê-lo), a substituição dos travões originais por travões da famosa marca Magura (fundada na Alemanha em 1893) pode ser uma opção válida.

Tipos de travões: Por ordem crescente de qualidade, existem travões mecânicos (por cabo de aço), sem-hidráulicos e hidráulicos.

Sendo travões de disco, a travagem é feita por intermédio de pastilhas que são forçadas pelo condutor a entrar em contacto directo com os discos rotores, apertando-os. Tal como acontece nos automóveis e motorizadas, e em muitas bicicletas. Cada bomba de travão possui duas pastilhas, uma de cada lado do disco.

Pastilhas: Existem muitos modelos de pastilhas, tanto na sua forma física como na composição do material que entra em contacto com o disco. Em geral dividem-se, por ordem crescente de qualidade, em pastilhas orgânicas, cerâmicas, semi-metálicas e 100% metálicas (sintered). Todas elas têm vantagens e desvantagens.

As pastilhas semi-metálicas e as 100% metálicas são aquelas que têm maior poder de travagem e durabilidade. Também não se deixam afectar pela presença de água ou lama, mas são também as mais ruidosas e aquelas que mais desgatam os discos. Em particular as sintered.

As pastilhas devem ser trocadas regularmente, mas é difícil indicar qual é o momento indicado. 1,000 Km será um número razoável, mas tudo depende. O condutor experimentado detecta esta mudança de comportamento dos travões. Mas isto pode não estar relacionado com as pastilhas, mas com a afinação dos travões. Pode ser uma necessidade de troca do óleo mineral dos travões hidráulicos (ou do ajuste daquele pequeno parafuso localizado nas manetes), ou de maior aperto do cabo de aço dos travões mecânicos.

Compromisso: As pastilhas semi-metálicas serão talvez as mais adequadas para uma trotinete.

As luzes

Algumas trotinetes, particularmente as de gama alta, têm tanta luminária, que mais parecem discotecas ambulantes. Uma espécie de disco-trotinetes. Regra geral, senão mesmo na totalidade, este tipo de iluminação com recurso a LEDs tem baixa visibilidade diurna. Quanto à visibilidade nocturna, a coisa fica-se pela curta distância. Não é suficiente para dar segurança do condutor.

Por outro lado, as luzes dianteiras e traseiras (os chamados stops) que equipam praticamente todas as trotinetes são de fraca potência. Servirão certamente como luz de presença à noite (uma obrigatoriedade do Código da Estrada que se aplica a todos os velocípedes – onde se enquadram as trotinetes a motor), mas com eficácia apenas a curta distância, tendo maiores dificuldade em serem visíveis de dia.

Desengane-se se pensa que as luzes frontais que vêm de origem com uma trotinete, em praticamente todas elas, servem para condução nocturna. Não servem. O condutor de trotinetes rapidamente se apercebe que necessita de ver o caminho para lá da curta distância, por forma a prever, com a maior antecedência possível, o seu trajecto na estrada e assim evitar perigos. Nada disto é possível com as luzes originais, a não ser, claro, em marcha lenta.

Existem várias soluções para resolver estes problemas.

A título de referência para os parágrafos seguintes, os médios de um automóvel debitam cerca de 700 Lúmens por cada farolim, e os máximos 1,200 Lúmens por cada farolim.

Lanternas de mota: Instalação de luzes adicionais na zona da forquilha da trotinete, de forma fixa, a exemplo do que se faz nos tubos laterais das motorizadas. Podem ser presas na própria forquilha por dispositivo adequado, como também podem ser presas num travessão acoplado à forquilha. Como gastam relativamente pouca energia (10, 20, 30 Watts) podem ir buscar a energia à bateria interna da trotinete. Neste caso, exige-se que a bateria seja de capacidade muito significativa (pelo menos 35 Ah). Podem também ir buscar a energia a uma bateria externa também acoplada ao referido travessão. Neste caso, fica-se com a vantagem de independência sobre a bateria da trotinete, mas com a desvantagem de ter carregamento próprio e da presença na forquilha de uma maleta portadora da bateria.

Lanternas de bicicleta: Este tipo de lanternas, que se aplicam igualmente bem às trotinetes, são tipicamente fixadas de forma amovível no guiador (luz branca) ou no poste do assento (luz encarnada). Usam baterias ou pilhas de Lítio e são recarregáveis por USB. As lanternas dianteiras podem ter baterias externas de pequenas dimensões, fazendo parte do próprio kit. Ou podem ter baterias internas, permitindo mesmo, nalguns casos, a substituição dessas pilhas, se necessário, durante uma viagem. Existem várias marcas especializadas. É caso da Lezyne, com vários modelos de luzes brancas até 1,800 Lúmens e encarnadas até 250 Lúmens (Zecto Drive Max Rear). Como também existem marcas de lanternas de uso geral que têm modelos específicos para bicicletas. É o caso da Fenix, com os modelos BC30R e BC30 v2.0 de luz branca com 1,800 e 2,200 Lúmens respectivamente, ou da Nitecore, com o modelo BR35 com 1,800 Lúmens.

Lanternas de mão: Regra geral, todas as boas marcas de lanternas dispõem de modelos passíveis de serem utilizados na dianteira da sua trotinete, como é o caso da económica marca Astrolux, que comercializa lanternas de luz branca até 15,000 Lúmens, donde se poderão destacar os modelos EC01 (3,500 Lúmens) e MF01 Mini (5,500 Lúmens), que se apresentam como soluções económicas, porém potentes. E se o orçamento é apertado, é por aqui que deve concentrar os seus esforços.

Desconfie das marcas que apresentam lanternas muito baratas e com um número estratosférico de Lúmens. São valores irreais para o preço, não servem para condução nocturna e são de qualidade duvidosa. Quando anunciam 4,000 Lúmens, deve subentender que não chega aos 400. Divida a coisa pelo menos por 10. Lembre-se que as boas lanternas são, por definição, dispendiosas.

Quanto aos pisca-piscas, bom, não só a fraca potência os torna pouco mais do que inúteis, como o distanciamento entre eles, que se mede em poucos centímetros, e a curta distância ao solo, não permite que os outros condutores tenham adequada percepção da indicação que se quer transmitir. Pode também acontecer que a intensidade das luzes brancas (na frente) e das luzes encarnadas (atrás) anulem a intensidade dos piscas.

Solução: Adquira lanternas extra, indiferentemente do sistema, especialmente se pratica condução nocturna. Tanto para a frente como para a rectaguarda. A segurança está sempre em primeiro lugar. E não há nada como ver bem e ser bem visto. Nas trotinetes como na vida.

Sentado ou em pé?

É certamente uma questão de gosto ou de necessidade. Ou ambos. Há quem ache que as trotinetes são para andar de pé em cima delas. E há quem prefira ir comodamente sentado, podendo isto ser também uma exigência das nossas articulações e dos nossos ossos. Circular muitos quilómetros de pé pode ser bastante cansativo, e até doloroso.

Mas há uma outra circunstância que se reveste de particular importância. Circular de pé é muitíssimo mais perigoso do que circular sentado. Sentado, o baixo centro de gravidade do corpo e a disponibilidade dos pés, ajudam a retomar o equilíbrio numa potencial queda. De pé somos facilmente projectados.

Como na maioria dos casos o assento é aparafusado ao deck da trotinete, não é conveniente andar a removê-lo e a recolocá-lo. Isto provoca desgaste de materiais que depois resulta na dificuldade de fixar firmemente a estrutura do assento ao deck. Mas nem todos os sistemas de assentos são assim, existindo outros em que remover e recolocar o assento é simples, rápido e inóquo.

Em pé: Se no seu conceito as trotinetes são para serem conduzidas em pé, procure uma trotinete que disponha de um apoio para o pé que seguir mais atrás. Esse apoio, que pode ser decisivo para uma boa postura do corpo em travagens e acelerações, situa-se sobre a roda traseira e é de construção sólida (distinguindo-se do guarda-lamas). Invista numas joelheiras de qualidade, porque as quedas são inevitáveis.

Sentado: Se a sua ideia é circular sentado, opte por uma marca que disponha de um sistema próprio para a adição de um assento. A robutez e segurança serão incomparavelmente superiores assim, do que os assentos meramente aparafusados à tampa do deck (que constituem a maioria dos casos). Não sendo possível, opte por um modelo de trotinete que já venha de origem com assento. Sai mais económico. Nalgumas trotinetes, o fabricante pode não dispôr de assentos, como pode não ser possível colocar uma estrutura para o assento.

As suspensões

Nas trotinetes, as suspensões parecem ser um exclusivo das gamas média e alta. As trotinetes de gama baixa habitualmente não possuem suspensões, nem dianteira nem traseira. É também por isto que são mais baratas.

Sem suspensões: Não ter suspensões significa que todas as irregularidades do piso serão sentidas a dobrar pelo corpo do condutor, podendo ser extremamente desconfortável e cansativo. Uma vez que não existe um sistema de amortecimento a condução torna-se, por conseguinte, também mais perigosa.

Esta perigosidade aumenta se o piso for de terra batida, tipicamente de condição muito irregular. Na estrada, seja em meio citadino ou campestre, um condutor de trotinetes rapidamente aprende que deve evitar a todo o custo a esmagadora maioria dos buracos, as tampas de esgoto e todas as outras adversidades que se encontram espalhadas pelo percurso como se não houvesse amanhã. Se com suspensões muitas destas irregularidades são absorvidas pelo sistema de amortecimento, sem suspensões a maioria delas pode resultar em quedas aparatosas.

Os kits: Há quem adquira trotinetes de gama baixa, sem suspensões, e depois adquira uns kits adaptadores. Não só não é a mesma coisa, não tendo a mesma eficácia nem a mesma robustez, como também são necessários conhecimentos técnicos para a sua respectiva instalação. Mas o que é pior, é que o investimento nestes adaptadores, assim como noutras formas de tunning, acabam por significar uma despesa idêntica (ou mesmo superior) a uma trotinete de 1,000 Watts. Sendo que se mantém a mesma fraca potência de 250 Watts. Ora, nada disto fará grande sentido.

Tipos de suspensões: Há vários tipos de suspensões, mas é difícil descrever quais são as melhores. Lembre-se que a utilização assídua de uma trotinete em estradas de terra batida exige suspensões adequadas a este tipo de piso (e uma altura mais elevada do deck ao chão), que é mais exigente que o piso de alcatrão.

Permita-se aconselhar por quem tem alguma experiência nesta matéria, e desconfie das opiniões dos donos de trotinetes que não têm suspensão e a desvalorizam, precisamente pela falta dessa experiência.

Decisão: Sem hesitar, opte por uma trotinete com suspensões.

peso da trotinete

As trotinetes de gama média e alta tendem a ser pesadas ou bastante pesadas. As de gama média é normal pesarem 30 e poucos quilos (o equivalente a uma bilha de gás). As de gama alta, exibindo maior robustez de construção e baterias mais avantajadas, podem facilmente pesar mais de 50 quilos.

Se vive num apartamento, se o prédio não dispõe de elevador e mora num terceiro andar, coisa frequente nas cidades portuguesas, transportar sozinho escadas acima ou escadas abaixo, uma trotinete com 50 Kg, pode ser um pesadelo, senão mesmo uma tarefa impossível.

Por outro lado, colocar uma trotinete com 50 Kg na mala de um automóvel também pode não ser para todos, ainda que seja mais fácil do que transportá-la três andares à pata.

Se for o caso: Escolha a sua nova trotinete considerando também a sua capacidade física e situação habitacional.

Transporte no automóvel

Se a sua ideia é poder transportar a sua trotinete na mala do seu automóvel, saiba que virtualmente todas elas rebatem o garfo (que fica de alguma forma preso algures na zona da roda traseira), diminuindo significativamente a respectiva volumetria.

Isto facilita, e muito, a colocação da trotinete na bagageira. Note, porém, que após o rebatimento algumas trotinetes, particularmente as de garfo duplo, ficam ainda mais compridas. Nos automóveis de dimensões mais citadinas, será normal ter de recorrer ao rebatimento de um dos bancos traseiros, acomodando a trotinete no sentido longitudinal. Nalguns casos, dependendo da trotinete e da bagageira, será possível acondicioná-la sem ser necessário o rebatimento do banco traseiro.

A maioria das trotinetes permitem também o rebatimento do guiador. Isto faz a trotinete ocupar muito menos espaço, além de facilitar a entrada e saída da bagageira.

Escolha: Para efeitos de transporte no automóvel, uma trotinete com guiador rebatível é sempre preferível. Mas isso condiciona as opções.

Chuva

Na fase evolutiva em que se encontra o mercado mundial das trotinetes, praticamente nenhum modelo foi desenhado e construído para poder andar à chuva. Mesmo os salpicos ou a chuva miudinha podem provocar uma oxidação prematura de alguns materiais metálicos.

Andar em piso molhado, com umas rodas tão pequenas, é também muitíssimo perigoso. Esta perigosidade agrava-se se o piso for pavé, e mais ainda se agrava se os pneus forem do tipo off-road, que por via dos acentuados sulcos na borracha que lhes conferem menor superfície de contacto com o solo.

A chuva entra facilmente pela trotinete-a-dentro, tanto pelas cablagens como para o deck, podendo danificar facilmente o display, a bateria (que pode até entrar em curto-circuito e incendiar-se) e as controladores (as centralinas das trotinetes). Consertar isto pode custar o preço da trotinete.

Conselho: Nunca circule de trotinete eléctrica à chuva.

Legislação em vigor

Sobre a condução e circulação de trotinetes eléctricas, queira consultar a nossa página dedicada à legislação.

Peças de substituição

Peças específicas: Habitualmente as marcas comercializam também algumas peças de substituição específicas para os seus modelos de trotinetes, nomeadamente motores, guarda-lamas, e outras peças necessárias ao bom funcionamento dessas trotinetes, e que por vezes se avariam ou sofrem o desgaste do tempo e do uso.

Em muitos casos a obtenção deste tipo de equipamento requer contacto com o fabricante, averiguação da disponibilidade (que costuma existir), e posterior encomenda em remessa proveniente da China. Daí a importância da escolha de um vendedor que tenha acesso directo ao fabricante.

Peças genéricas: Nesta categoria englobam-se, por exemplo, pastilhas, discos, manetes e bombas dos travões, pneus e câmaras de ar, amortecedores, alguma luminária, punhos de guiador, displays e aceleradores, botões de Eco/Turbo e de buzina, parafusos, etc, etc.

Este tipo de peças, que não são específicas de um modelo de trotinete, podem existir em marcas e modelos muito diferentes. Por serem genéricas, a obtenção deste tipo de peças é muito fácil. Não deve constituir um obstáculo, nem um contratempo à decidão de compra, nem é relevante que o vendedor da trotinete também as comercialize, uma vez que podem ser encontradas na AliExpress, a preços bastante mais convidativos.

Oficinas de conserto

Em Portugal, e no mundo em geral, são poucas, para não dizer ainda raras, as lojas especializadas na venda de trotinetes eléctricas, quer com existência física de porta aberta ao público, quer online.

Ainda mais raras são as oficinas de conserto de trotinetes. Como não são motorizadas nem bicicletas, não podemos recorrer a este tipo de oficinas.

A necessidade de assistência técnica surgirá naturalmente, mais cedo ou mais tarde, como acontece nos automóveis, motorizadas e bicicletas.

Solução: Previligie e dê adequada relevância aos vendedores que possuam oficinas de assistência técnica.

Alternativa: Pode dar-se o caso da oficina ser distante do seu local de residência. Proceda como no caso dos pneus. Procure alguém que tenha bons conhecimentos técnicos num grupo do Facebook dedicado às trotinetes eléctricas. Já sabe que a camaradagem entre «trotineteiros» favorecem estes contactos e a resolução destes problemas.

E comprar em segunda mão?

Bom, terá idênticos riscos aos da compra de um automóvel ou de uma motorizada em segunda mão. O desgaste geral dos materiais nunca se recupera. Os vícios, os rangeres, as folgas, etc, dificilmente desaparecerão.

Os motores, tal como a bateria, tem um ciclo de vida. Quanto mais usada for uma bateria mais próxima estará desse fim de vida. Motores e baterias são os componenets mais caros de uma trotinete. As controladoras (a centralina das trotinetes) também não são eternas. A substituição destes componentes requer conhecimentos técnicos específicos, o que normalmente significa mais despesa. Tipicamente têm de ser importados da China, tal como já acontece com as trotinetes. Se nuns casos a entrega pode ser razoavelmente rápida (em 10 dias), no caso das baterias é diferente. Como são de lítio não podem ser transportadas por avião. E podem demorar dois meses a chegar.

Enfim, é um risco que deve ser cuidadosamente avaliado.

Conselho: Evite comprar em segunda mão.

Antes de comprar

Antes de comprar, informe-se. Peça ajuda e aconselhamento a quem já tem alguma experiência disto. As opiniões diversificadas nunca são demais. E não se esqueça que o YouTube é uma fonte quase inesgotável de informação. Não é difícil encontrar vídeos com unboxing, recensões e test drive dos mais variados modelos de trotinetes. Mas atenção, grande parte desses vídeos possuem uma cumplicidade entre o autor e o fabricante ou representante, e devem ser observados com as devidas reservas.

Tenha presente que os fabricantes chineses apresentam informações de autonomia e velocidade máximas com valores algo irreais. Fazem-no com condutores que pesam 55 Kg, em piso plano, a baixa velocidade (na mudança mais baixa e em modo Eco) e com condições climatéricas ideais. No mundo real as coisas funcionam de modo diferente. Divida tudo por 2, e já estará mais perto da realidade.

Certifique-se que o vendedor tem acesso directo ao fabricante ou representante. A existência deste canal aberto facilita a execução da garantia e a reposição atempada de peças específicas da marca. Atribua adequada relevância ao facto do vendedor possuir também uma oficina de conserto de trotinetes, uma vez que essa necessidade surgirá naturalmente, mais cedo ou mais tarde, como acontece nos automóveis, motorizadas e bicicletas.

Cupões de desconto: Desconfie de certos cupões de desconto que circulam por aí. A divulgação desses cupões não advém do mero altruísmo de quem os divulga, mas antes da comissão recebida por cada venda efectuada. Desconfie particularmente daqueles que dizem conseguir 200 ou 300 euros de desconto em trotinetes que custam pouco mais de 1,000 euros. São descontos engana-tolos, obviamente impossíves de acontecer nesse nível de preços. Com é consabido acontecer numa conhecida loja online, de origem chinesa, que pratica uma forma de marketing muito agressiva, na realidade são descontos meramente residuais (o preço aumenta após introdução do código do cupão, para acomodar o valor do desconto, para voltar depois a um valor próximo do inicial), havendo casos, pasme-se, em que tornam o custo mais elevado com cupão do que sem cupão. Afinal, é preciso pagar a comissão, e quem paga é o consumidor. Lembre-se de que não há almoços grátis…

Depois de comprar

Há toda uma vida nova que começa após a compra ou encomenda da sua trotinete eléctrica. Aqui ficam algumas indicações que lhe poderão ser útes.

Tracking code: Se encomendou a sua trotinete numa loja online, certifique-se que lhe indicam o tracking code (um código único e comprido, habitualmente alfanumérico) associado ao respectivo transporte do volume. Peça que lhe indiquem também o nome da transportadora. Poderá usar este código não só no próprio website da transportadora, como noutros websites especializados em tracking de encomendas que suportam um rol muito alargado de operadoras, ou usar uma App no seu telemóvel com o mesmo objectivo (e até com mais funcionalidades). A 17Track é uma das soluções (com website e App), existindo vários outros serviços igualmente competentes e gratuitos.

É através do tracking code que poderá então seguir a localização da sua encomenda, o que é particularmente relevante se ela vier de fora de Portugal. Mas não desespere, sobretudo se não está habituado a fazer compras online. Nem todas as transportadoras actualizam a localização com a frequência que podiam e deviam. Conforme a transportadora e a distância, podem passar-se 2, 3 ou mais dias sem que a localização seja actualizada. O que não significa que a encomenda não esteja em movimento. Lembre-se ainda, se for o seu caso, que o transporte para as Regiões Autónomas, Açores e Madeira, é feito por via marítima e que não existem escalas no meio do Oceano Atlântico… Neste caso, na maior parte do tempo a mercadoria está nos armazéns do transitário, à espera de vaga num contentor de transporte, pelo que passam-se dias nesta circunstância. Nisto como noutras coisas, há que ter um bocadinho de paciência.

Montagem: Depois de retirar a sua nova trotinete eléctrica da caixa de transporte (que dentro do possível deve guardar durante algum tempo), leia o respectivo manual (pelo menos desta vez, vá lá, abra uma excepção!) e siga as instruções de montagem. Os procedimentos são simples e rápidos de efectuar. Se for o caso, e costuma ser, posicione as manetes dos travões, o acelerador e demais componentes do guiador na posição que lhe for mais confortável. Vêm desapertadas para serem mais facilmente embaladas e assim se reduzir a possibilidade de chegarem danificadas. Tenha cuidado em não forçar o posicionamento dos cabos, nomeadamente dos travões, pois não é difícil trilhá-los sem querer, obrigando a imediata substituição.

Parafusos: Em muitos casos as marcas incluem um kit de chaves, maioritariamente do tipo Allen (sextavadas). Com esse ou outro kit, ou outras chaves, verifique e aperte todos os parafusos que estiverem à vista. É normal que muitos deles venham desapertados por força do longo transporte a que a trotinete foi sujeita. Regularmente, mantenha uma vigilância apertada sobre todos eles. Provavelmente irá concluir que alguns deles, os mais sujeitos aos efeitos da trepidação, tendem a desapertar. Pode ser perigoso. Nestes casos utilize cola azul (Loctite 243). Um pingo de cola na rosca de cada parafuso será suficiente para manter o parafuso sempre apertado.

Pressão dos pneus: A não ser que a sua trotinete esteja equipada com pneus sólidos, não saia para o seu primeiro passeio sem verificar a pressão dos pneus. Por força do transporte, e do longo período de inactividade dentro da embalagem, serão raros os casos em que a pressão estará correcta. Caso não atenda a este procedimento, fará aumentar significativamente o risco de furo das câmaras de ar, o que poderá ter lugar logo no primeiro passeio, logo nas primeiras centenas de metros. No caso de pneus tubeless, poderá ocorrer um descolamento de pneu e jante, o que habitualmente obriga a um procedimento especial (utilização de uma cinta de aperto) para voltar a conseguir enchê-lo. A pressão máxima de um pneu está sempre indicada lateralmente no próprio pneu, e é indicado em unidades PSI (Pound per Square Inch). Existe uma correspondência directa entre PSI (sistema imperial) e Bar (sistema métrico), que pode converter aqui. Encontrará ambas as unidades nos aparelhos de enchimento de pneus existentes em virtualmente todas as estações de gasolina. O mesmo acontece com muitas bombas de ar manuais. Mas uma bomba de ar eléctrica, sem fios, portátil e precisa, como é o caso da Xiaomi Mijia, é a companheira ideal para a sua trotinete. Se o pneu indicar uma pressão máxima de 50 PSI, deve enchê-lo com 47 PSI. Não se esqueça que o ar dilata com o calor, e por isso deve enchê-lo com 2, 3 ou 4 PSI abaixo do máximo indicado pelo fabricante.

Temperatura ambiente: São raras as trotinetes que dispõem de um sistema activo de arrefecimento. E muitas delas nem possuem, sequer, um sistema passivo, nomeadamente que permita, de alguma forma, arrefecer as controladoras, que numa trotinete são talvez os componentes mais sensíveis e susceptíveis de avaria. Também as câmaras de ar, no caso das trotinetes cujos pneus não são tubeless, podem furar ou rebentar por consequência da dilatação do ar pelo calor. Por tudo isto, evite andar de trotinete quando a temperatura ambiente for superior a 30ºC.

Configurações: Virtualmente todas as trotinetes possuem um interface de configuração. São os chamados P-Settings. Esse interface situa-se no écran/acelerador. Consulte o manual que acompanha a trotinete para aprender a aceder a esses P-Settings e a configurá-los à sua medida. Note bem que nem todos podem ou devem ser alterados. Aqui ficam alguns exemplos desses settings: Cruise Mode, Start Mode, Battery Save Mode, Electronic Brake, ABS, etc.

Carregamento da bateria: Todos os fabricantes embalam as trotinetes com a bateria carregada por volta dos 50%. Isto permite ao consumidor poder circular com ela imediatamente após a recepção da encomenda. Logo que possível deverá carregar a bateria na totalidade. Quem controla o carregamento é o carregador, que normalmente dispõe de LED encarnado e verde. Encarnado quando está em processo de carregamento, e verde quando esse processo está concluído e a bateria está então carregada na sua totalidade (ou próximo disso). Para salvaguarda da vida da bateria a maioria dos carregadores originais não carregam a bateria na totalidade. No entanto, muito antes deste processo estar concluído o display pode já estar a indicar, por aproximação, 100%. Habitualmente as trotinetes eléctricas têm 2 tomadas de carregamento. Na realidade trata-se de um sistema em Y, sendo indiferente carregar numa ou noutra ficha. A existência de duas tomadas deve-se à possibilidade de se fazer o carregamento com dois carregadores em simultâneo, reduzindo substancialmente a duração desse carregamento. Essa duração depende da capacidade tanto do carregador como da bateria. É expectável que este processo possa demorar largas horas, ou mesmo mais do que um dia. Pode carregar a bateria sempre que entender, uma vez que as baterias de lítio não possuem memória. O desejável será ter sempre a bateria na sua máxima capacidade, para poder usar a trotinete com a maior autonomia possível.

Dualtron EY4: Se adquiriu uma trotinete da marca Dualtron, e esta venha equipada com o display EY4, poderá ser necessário proceder ao pedido de deslimitação de velocidade junto da própria Minimotors. O vendedor não intervem neste proceso. Este procedimento executa-se dentro da App que liga o seu telemóvel ao display. A autorização e consequente deslimitação costuma demorar um dia útil.

Seguro: Morreu de velho, como se costuma dizer. Não há ainda em Portugal nenhuma seguradora com uma oferta específica para trotinetes eléctricas. Também não é obrigatório. À falta de coisa mais apropriada, recomenda-se a contratação de um seguro de responsabilidade civil que abranja danos físicos e materiais provocados a terceiros, assim como as despesas de tratamento do utilizador da trotinete em caso de acidente.

Peças sobressalentes: Os furos são como as quedas: são inevitáveis, são inoportunos e não escolhem dia nem hora. Assim, é avisado encomendar um pneu sobressalente, duas câmaras de ar (se os pneus não forem tubeless), assim como dois pares de pastilhas para os travões. Quando algum destes azares baterem à porta poderá fazer a troca imediatamente.

Equipamento de protecção

Finalmente, mas definitivamente não menos importante, vem a sua integridade física e a sua saúde. Antes da primeira voltinha, ou enquanto espera pela chegada da trotinete, aproveite o tempo para adquirir o seu equipamento de segurança. A começar por um capacete de mota, mas sem esquecer as luvas, as joelheiras, etc.

Capacete: Não sendo uma obrigatoriedade do Código da Estrada (um erro demasiado estúpido para poder ter uma explicação inteligente), nunca circule de trotinete eléctrica sem capacete. Uma queda mesmo a 20 Km/h, por exemplo com embate da cabeça no lancil do passeio, pode ter consequências muito graves.

Adquira um capacete de mota, porque os de bicicleta não são adequados à condução de trotinetes eléctricas, seja ela de que potência for. De preferência, opte por uma marca conceituada, o que lhe garantirá uma melhor qualidade de protecção, e escolha um modelo a seu gosto. Uma viseira de protecção aos olhos é fundamental, nomeadamente para repelir poeiras e insectos. Certifique-se que o capacete está homulgado com a norma europeia ECE 22.05 (ou já com a mais recente ECE 22.06). Se vai usar um capacete que já possui, não se esqueça que têm prazo de validade (tipicamente 5 anos, mas siga as indicações do fabricante). Após esse prazo, o uso, o suor, o calor, etc, provocam desgaste de materiais e a consequente diminuição da capacidade de protecção.

Evite comprar um capacete sem o poder experimentar primeiro. Não pode ficar lasso, nem demasiado apertado. É necessário que se sinta confortável com ele, pelo que a experimentação requer alguns minutos de uso e não apenas breves segundos. Se usa óculos, saiba que nem todos os capacetes são os mais adequados. E se pretende usar algum sistema de comunicação interno, nomeadamente para a comunicação entre dois ou mais capacetes numa situação de passeio, certifique-se que existem cavidades próprias para os auscultadores e maneira de fazer passar os cabos por dentro sem ficarem em contacto directo com a cabeça.

Luvas: Umas boas luvas fazem toda a diferença, sobretudo nas quedas. No mercado existem muitas boas marcas por onde escolher. Tal como acontece com os capacetes, e pelas mesmíssimas razões, não use luvas de bicicleta. Escolha luvas de mota pensadas para suportar impactos e quedas. Não se esqueça que as mãos são provavelmente os primeiros membros a terem contacto com o solo numa situação de queda. Não será nada descabido, antes pelo contrário, possuir um par de luvas mais quentes para o Inverno (o frio, a velocidade e o vento tendem a enregelar as mãos), e outro par mais fresco para o Verão.

Casaco: Não será apenas uma questão de conforto, particularmente quando o tempo está mais agreste. Os bons casacos são impermeáveis à chuva e não deixam entrar o vento. Mesmo com tempo quente, circular a 50 Km/h pode trazer frio ao corpo. Há-os com forros amovíveis, que tanto permitem o uso no Inverno como no Verão. Constituem uma boa opção.

Mas um bom casaco de mota não se  fica apenas pelo conforto. É preciso que proteja quem o veste numa situação de queda. Nomeadamente se o casaco possuir internamente protecções (amovíveis ou não), pelo menos para os ombros e cotovelos.

Cotoveleiras e joelheiras: Se para os cotovelos, o casaco pode fornecer alguma protecção eficaz, conforme atrás descrito, já para os joelhos é necessária uma protecção específica. Circulando de trotinete sentado ou de pé (sobretudo de pé), os seus joelhos têm um elevado risco de virem a sofrer dolorosas e graves mazelas aquando de uma queda. De preferência, use sempre joelheiras. Sem embargo de outras boas marcas disponíveis no mercado, as cotoveleiras e joelheiras Barricade da Fly Racing destacam-se pela qualidade.

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